...Há tempos ando fugindo dessa voz
“escreva!” ela me diz
“agora não”
“depois”
“não preciso”
Mas ela insiste
“escreva! escreva! escreva!”
E não me larga
E não me deixa
Tudo que faço e que não consigo fazer
É sempre perturbado pela voz
“escreva!”
E qualquer escrita não acalenta
A escrita necessária não afaga
A escrita de oficio não alivia
E dói em mim essa fuga
Mas alegra-me esse reencontro
Essa vontade de poesia.