segunda-feira, 27 de junho de 2011

Espera matuta


O banho de cuia foi demorado
Os cabelo bem lavado
Os pés bem ariado
O sabão mais perfumado
Pois chegou o dia, esperado o mês inteiro.

Pôs o mió vestido de chita
As sandáia de couro e de fita
As pursêira mais bunita
O escapulário de Sto. Antônio e Sta. Rita
E se banhou de água de cheiro.

Fez café e bolo de fubá
Um refresco de maracujá
No rosto um pózim de arroz pra clarear
Um carmim pra rosear
E nos lábio o batom mais vermeio.

No oratório acendeu uma vela
Pra que não tivesse ninhuma mazela
Pôs no cabelo a fulôr mais bela
E esperou na varanda, sentada na janela
Mas ele... ele não veio.

Denise Viana * Psico-Poeta
Imagem: flickr.sheilatostes

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pipoca doce

Praça Colorida
Cheiro de Quentão
De amendoim e milho cozido
Gosto de pipoca doce
Impossível controlar o riso!
Aparentemente "imotivado"
Sintoma patológico
"Sorrindo sozinha?" Apontam,
Acho ainda mais graça
''Nem sabem, sequer imaginam
Que nunca estou só dentro de mim''.


Denise Viana * Psico-Poeta

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nômade


Elementar meu caro Foucault!
Minh'alma anda mesmo viajante em uma série poética de quimeras
Enquanto o meu corpo reside na mais avessa realidade.

Trafego então na procura de produções que contemplem tanto alma quanto corpo.
“E se os desejos se divergem?”
Pergunta o ego aflito,
“A quem sou infiel? À alma ou ao corpo?”
À ninguém! Penso eu.

O que move o corpo com suas palpitações homeostáticas
Na busca de equilíbrio,
Tem ligação em fortes e finas linhas com o que move a alma
Com suas propriedades e emoções aladas e instáveis.

Aos que viram/ouviram/sentiram minhas angústias
Digo que já sofro menos com os tais pensamentos inquietos
Já criei novos modos de sobrevivência...
Que amanhã, talvez, não mais me sirvam
Mas que hoje, certamente, vestem-me muito bem!

Seja como um novo sentido diante da vida,
Ou como um suposto mecanismo de defesa
Que possibilita uma vivência menos dolorida.

Mas chega então desta “psicanálise selvagem”!
Sinto-me tal Freud, a fazer suas auto-análises.
E que fique claro
Que não tenho nenhum anseio que isto vire ciência,
Para me frustrar não vê-lo sendo ou pensar mais do que viver.
Tão pouco que se torne teoria,
Para ter seguidores sedentários, repetidores de pensamentos
Ou dissidentes equivocados...

Do que mesmo eu estava escrevendo?

Ah, que não faço questão de está na literatura,
Nem na fama, nem nas camas alheias
[não para ser “lida” antes da modorra soprar].

Não quero nada a mais [neste momento]
Além de dizer aos caros leitores e leitoras
Que estou caminhando...

Sou Nômade!
Corpo e Alma!

Denise Viana * Psico-Poeta