segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Devaneios tortos (Prolixidade)


Devaneios tortos invadem minha mente!
Ora menina! Se assim não fossem (tortos)
Não poderias devanear!
Desprenda-se do certo, do correto, do coeso
Permita a voz de sua essência oblíqua
Confusa, incerta, insana...
Quantos pudores reais valem tuas fantasias?
Prove um pouco de delírio,
Saboreie o desatino de encontrar-se à si mesm@
Ainda que por poucos, mas intensos, instantes
Se jogue dessa pedra incólume que lhe prende
Encontre um pouco de instabilidade
De frio na barriga por não saber onde pisará...
E quando pisar, experimente passos leves
Conceda danças, olhares e toques
Ilusões, decepções, desencontros
Cantos, cantadas e encontros
Com seu ente, seu ser, seu devir, seu dasein,
Que lhe permitam assim
Viver devaneando e devanear com vida...
Denise Viana * Psico-Poeta

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pensando em TCC e ABORDAgens diversas...




Numa questão avaliativa de fim de semestre, eis que lanço minha "crítica" à TCC... =]


A TCC (Terapia Cognitiva-comportamental), como as outras abordagens da psicologia traz uma teoria bastante sedutora. Seduz-me a sua teoria da formação das crenças e dos pensamentos automáticos (P.A.), pois são concepções que têm coerência, fazem sentido, e podemos facilmente exemplificar com experiências pessoais. Gosto, particularmente falando, das definições dos P.A.s e das Crenças, daquilo que aprendemos/acreditamos na infância e tomamos como verdades (o que parece óbvio, mas que ainda assim nos limita), também não é difícil compreender que algumas dessas crenças e pensamentos nos ajudam à viver, e outras, nos causam sofrimento.
Não duvido, ou melhor, acredito mesmo, que as intervenções da TCC possam auxiliar os pacientes à “se auxiliarem”. A TCC cumpre o que toda abordagem que “se preze” deve (ou deveria) cumprir, como já dizia o querido professor Valter Rodrigues, tornar-se “inútil”. Auxiliando o paciente, cliente, pessoa à caminhar com as próprias pernas, à ser seu próprio terapêuta, à ”dar conta de si” como diria os fenomenólogos-existenciais.
Creio que a TCC tenha um enorme alcance de êxitos em seus processos terapêuticos, mas sinto um certo limite em suas técnicas. Não pela teoria em si, pois a literatura deixa bem claro que as técnicas não são “regras” para todos os casos, mas percebo na fala de alguns colegas que se interessaram pela referida abordagem um olhar que eu diria um tanto engessado. “É só seguir isso daqui. Agora eu sei o que dizer!”, bem, que bom que esses colegas estão se encontrando dentro do labirinto psi, mas, estar diante de uma pessoa é bem diferente de estar diante dos casos de Sally ou Samara, e saber definições e ter modelos podem não ser suficiente, ou mais perigoso ainda, podem desligar a sensibilidade do profissional para questões que fogem às teorias de Beck ou Knapp.
A abordagem, como nos disse o ilustre professor acima citado, é realmente aquilo que “aborda”, assalta, atinge, acomete, e se não tivermos cuidado ( e este cuidado eu chamo de ética) agente se perde nele, e com ele limitamos e agredimos.
Seja qual for a tal ‘abordagem’, disponho-me sempre à um bom encontro, com ou sem crença, com ou sem Édipo, mas principalmente ético na perspectiva de tornar-se inútil.
Cara professora, perdoe-me se saí da “consistência” e “embasamento teórico” solicitado, tentei em algumas colocações... Mas, às vezes minha querida, é preciso sair das linhas já escritas para compor novas crenças, novos pensamentos, novas linhas.

Denise Viana * Psico-Poeta
Ainda bem que tive boas notas nas duas primeiras unidades...rs

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sufoco...



Que o ar que me falta
Não seja o mesmo que me sufoca...


Denise Viana * Psico-Poeta

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Neurotransparente

Controlar o medo
O desejo e o sono...
Vontade de ir embora
Sumir no vento
Sem cor,
Sem tempo, sem hora
Vontade do calor...
A letargia invade
Saudade da serotonina
Adrenalina...
Falta taquicardia
Sobra acetilcollina
Sonhos e fantasia...
Mais devagar
Ainda podem te ver.

Denise Viana * Psico-Poeta*

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PRODUZ_INDO


O que me constitui?

Não sei ao certo...

Estive por aí

Nos grifos das exceções

Perdida entre as multidões

Num perambulante devir.


Apaixonei-me por Drummond

O poeta de Itabira!

E fora dele

Desacreditava nos “romances”

Mas um dia vi que até ele

Tinha lá suas imperfeições

Então me cedi a amores frios

E beijos de freelance.


A música de Leoni

Também me embriagou

Quis ser então a sua fórmula do amor

E disse que com ele até me casaria

Compus canções pensando nele

Respondendo às suas letras

Fui ninada em suas melodias.


Mas, parei de ter paixões frias

Deixando-me enamorar por pessoas “reais”

Quebrei a cara!

Mas não foi por fantasia

E encarei com alegria

As lágrimas banais.


Mas o que me constituiu?

Não sei ao certo...

Talvez foi João Gilberto

Ou Vinícius de Moraes

Que me fizeram sair do tempo

Que me tiraram do cais.

Velejei com Engenheiros

Garotos como eu, meninos do “Ráuai”

Éramos todos Iguais

Mas tão, tão-tão desiguais...

Uns mais iguais que os outros...”


Gritei “Que país é esse?

Representei Faroeste Caboclo

E adivinhem,

Eu fui João de Santo Cristo.

Eu declamava, eu vivia isto

Eu existia...

Aos treze escrevi peça na escola,

Queria ser a psicóloga

Mas, fui a personagem que morria.


Escolhi o meu papel

De fazer aqui na terra

O meu cenário de céu...

Desdobrei-me para fora do tempo

Mas sem sair de dentro

Ainda que...

Fora do centro.

Chorei-rindo de Benigne

Nas suas tragicomédias indiscretas

Fui de carona com Che

Em seus Diários de Motocicleta.


Imitei, cantei, dancei, parodiei...

RPM, Biquíne, Mamonas,

Lampirônicos, Frejat, Paralamas,

Titãs, Elvis, Guns...

Edson Gomes! Ah! “Malandrinha...

Rainhas Rita Lee e Cássia Eller

Bwanna, Bwanna’ ... ‘Ainda sou uma garotinha...


Me fiz de difícil,

Fui tentar seduzir

Desequilibrei-me, Uau! Caí

Num precipício chamado amor

E fui caindo, ao som de Reação

Lendo ‘O Diário’ e o louco do Bonassi

Ao menos feliz

Ainda não cheguei ao chão...


Mas meus pés caminham firmes

A cabeça, é que vive fora da órbita

Das normas inóspitas

Sem razão, sem moral, sem motivos

Os meus, tão teus, modos de viver

Os nossos encontros

Humanos e significativos.

Chauí, Patto, Focault

Nietzsche, Meireles, Murray

Lispector, Pessoa, Machado...

Santana, Brito, Teles, Schaun, ‘Silvas’.

Paim, Cirino, Pereira, Pires, Novaes, ‘Vianas’.

Ahh!! Gauareschi e Maturana

Nas madrugadas, eles e eu

Apaixonei-me ao mesmo tempo

Pelo “padre” e o “ateu”.


Cardoso, Vicente, Santos,

Bitencourt, Aguiar, Reis

Barros, Mirante, Chirinéa,

Drummond (Agora sim o psicólogo...)

Moura, Lopes, Drapala,

Rodrigues

Ah Rodrigues!

E seus suspensórios

Que “insuspendem” a academia.

Que desnorteia, questiona, difama,

Desaloja, desapoia, desfaz,

Mas intrépido respeita

Incita, recita, acolhe, rejeita

Emociona e invade com seu latido sagaz.


Vasculhei minhas lembranças

Mas a virtude da memória

Não se faz presente em minhas poucas qualidades

Cartografei os encontros e as rotas desviantes.

Mas algumas palavras

Alguns nomes

Tão importantes quanto os citados

Permeiam por ali

Por aqui, por acolá,

Nos pensamentos automáticos

Nas ações autopoieses...


Há mais “coisas”

Nas entrelinhas das relações

Vividas nestes meus

Quase 22 anos de constante produz-ir.

Mas isso não se trata de algo particular

E como minha história não pertence só à mim

Faço minhas as palavras de Boal

Não sou: estou sendo,

Caminhante, sou devir.

Não estou: vim e vou.”

Denise Viana * Psico-Poeta



Inspirado em atividade curricular da disciplina Psicologia e Cultura
Fonte da Imagem: "Composição", 2006, por Catarina Garcia
Disponível em: http://catarinamgarcia.blogspot.com

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Bem vindo









Seja Bem vindo!
Julho querido!

Logo logo, ao meio da noite
À meia noite
Tú chegarás...
Sorrateiro como sempre
Em teus dias de inverno
O que me reservarás?
Tú que sempre me destes
Mais alegrias que tristezas
Seja-me mais um ano fiel
Te recompenso com um grande sorriso
Que será mantido por todo o mês...
Quiçá os outros meses também possam merecê-lo...
Por hora digo:
-Bem Vindo Julho, bem vindo!


Denise Viana * Psico-Poeta

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Confusão...

Eu tento entender...


Mas,
Depois que se entende
Perde a graça...






Denise Viana * Psico-Poeta

Entardecer



Final do dia...
Chegam as sombras da noite
As luzes artificiais se acendem
O mar ainda brilha durante o entardecer...
Parece que o sol ainda brilha do outro lado da cidade,
Parece que ainda há brilho fora desse quarto de hotel...
É a saudade que ofusca os pensamentos
Que faz dessa imagem tortura,
Sangria e contradição...
Falta Ar e Arco-Íris,
Sobra medo,
Melancolia
E solidão.

Denise Viana * Psico-Poeta

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Parte de mim é você


Corpo de menino, por volta dos 8 anos...
Mas talvez tenha mais.
Pés descalços, uma calça folgada cortada no joelho,
E uma camiseta bem maior que o seu tamanho,
Aparenta está a dias usando aquela mesma vestimenta.
Percorre o corredor do ônibus estendendo sua mão,
O odor de 'thinner' é forte...
Lá atrás três de seus companheiros, também jovens,
Mas parecendo maiores que ele,
Discutem sobre quem deixou o cachimbo cair.
O menino se aproxima, pede sorrindo
"tia me dá um dinheiro, meus irmão tão com fome"
"eu não tenho"
E eu não tinha mesmo...
Se tivesse eu daria?
Seus dedos parecem queimados nas pontas,
Estaria eu ao ajudar-lhe contribuindo para os seus vícios?
Já contribuo com o meu silêncio, com meu medo, com minha ignorância...
Olhei bem para ele, "que rosto bonito" pensei
Escondido atrás daquele descuido
Os olhos bem escuros, a pele negra bem lisa, ainda que suja.
Os cabelos cacheados, tão emaranhados que impedem a entrada total do boné.
Meus óculos escuros escondem os meus olhos cheios d'água
Sua imagem me inquieta, me questiona, me afeta...
Uma mulher entra e ele sorri,
Aquele sorriso de quem encontra um amigo querido
"Ó, é ela!!" diz
"Sai fora, não te conheço!!" ela responde
O sorriso acaba, transforma-se em raiva
"Você ficou conversando comigo outro dia,
e agora não me conhece não é?!!"
Tive vontade de abraçá-lo.
Desci do ônibus
Com a sensação de ter esquecido algo
De ter abandonado alguém...
Aí cheguei em casa e escrevi isso:

Meus olhos chorosos
Imaginam, mas não vê.
Sentem, mas não sabem
O que se passa com você...
Quanto tempo levou
Para nos construirmos assim?
Você aí e eu aqui
Como se eu não pudesse está aí
Ou você aqui...
Mas eu poderia sim, você também.
Aonde perdemos nossa humanidade,
Porque esquecemos de nossos potenciais?

Quando é que vou entender
Que você é igual à mim?
Quando é que vou entender
Que você faz parte de mim?
Que eu sou igual à você.
Que eu sou parte de você.

Seus olhos tão tristes
Como posso esquecer
Os muitos olhares
Fingindo não te vê...
Mas, eu também tenho medo
Desse mundo tão fugaz.
Queria poder abraçá-lo
Eu queria fazer você entender
Que eu também tenho os meus defeitos
E você um tanto mais de qualidades,
Vou te contar um segredo:
Nós, somos iguais.

Denise Viana * Psico-Poeta

sábado, 9 de janeiro de 2010

Vento










O vento
nos cabelos
Sopra meus pensamentos...
Só o tempo
Poderá revelar
Se acertamos
Ou nos confundimos...
Só o tempo
E suas razões sem sentido.
Mas não lamento
Dos muitos erros
Ou dos poucos acertos,
Fizemos tudo
Que nos era possível...
Não somos heróis
Tão pouco bandidos,
Só o tempo
E suas razões sem sentido,
Acalmará nosso mar
E a velocidade do vento
Que sopra
Os meus pensamentos...

Denise Viana