quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

História de sabiá...


Caminhava na estrada
Ouvi uma voz me chamar
Eu olhei mais não vi nada
Lá só tinha um sabiá.

E ele falou de novo
Não precisa se “avexar”
Chegue perto “dona moça”
Que uma história eu vou contar.

Sabiá tu é danado
Mas não vai me enganar
Tem algum piá “marvado”
Querendo me assustar.

Dona moça não se assuste
Que eu to aqui pra ensinar
Lhe contando o meu conto
Que me fez um sabiá.

Então ta vou me sentar
Mas tu preste atenção
Se tu me falar bobagem
Já to com a “peda” na mão.

E eu não sou de duvidar
“muié braba” é o cão
Foi uma “muié” faceira
Que “froxou” meu coração.

Um dia eu fui um “home”
Muito bem “aperçoado”
Muito e bom conquistador
Tinha fama de safado.

Também fui “trabaiador”
Pelo mundo eu cantava
Cada praça era um “shô”
Cada canto uma namorada.

Na beira do Velho Chico
Foi que tive uma cilada
Conheci a margarida
Uma moça encantada.

Bela e fina como a flor
“Braba” como onça pintada
Pra mostrar-lhe meu amor
Foi quase uma luta armada.

“Finarmente” ela aceitou
Quase eu caí no chão
Mas pra ter aquela Dona
Ela pediu condição.

Tive que me enraizar
E largar meu violão
“Trabaiá” com o pai dela
Eu não pude dizer não.

Quando eu abri o “ôio”
Eu já tava era arriado
Margarida meu amor
Havia em mim montado.

Eu fazia os seus “capricho”
Tava bobo e apaixonado
De noite eu era amor
De dia eu era escravo.

“Mermo” com o sofrimento
Margarida eu amava
Sua brabeza, seu ciúme
Eu já nem me importava.

Aprendi a lhe domar
Mas ela me avisava
Se um dia tu aprontar
Vai sentir da minha raiva.

Eu até que acreditava
Mas um dia eu esqueci
Quando vi a Rosa Olinda
Se ofertar toda pra mim.

Êta morena formosa
Me levou a perdição
Voz macia e dengosa
Eu caí na tentação.

Rosa Olinda era da vida
Maltratou meu coração
Levou todo meu dinheiro
Me deixou só de calção.

Foi assim que a margarida
Me encontrou lá no bordel
Tava chorosa e ferida
Pensei que eu ia pro céu.

Margarida minha flor
"Cê" ta entendendo errado
Entrei aqui sem querer
Depois que fui “assartado”.

Mas de nada adiantou
Tava grande sua mágoa
Ela nem me “escuitou”
Só rogou a sua praga.

Eu que bem te avisei
Mas tu não me deu valor
Nem comece a mentir
Tu “cabô” com nosso amor.

Vai se embora dessa terra
Não voltes jamais pra cá
Quando “oiá” moça bonita
Vais virá um sabiá.

Eu “panhei” o meu destino
E saí a caminhar
Sozinho e “cum home” “sô” gente
E com “muié feia” que encontrar.

Essa é a minha história
Dona moça a me “escuitar”
Na frente das bela moça
Eu só sou um sabiá.

Ora amigo sabiá
Se é verdade o que “cantô”
Tu não tens o meu penar
Pois tú “mermo” procurou.

Se um dia se ajuizar
E aprender com a lição
O feitiço vai cessar
E vai ser homem de coração.

Agora eu já vou me embora
Que já ta a anoitecer
Obrigada pela hora
Eu não vou me esquecer.

Quando “home” tu virar
“Percure” Maria Flor
Que eu vou me “certificá”
Se tu realmente “mudô”.

Foi se embora o sabiá
Todo mudo e cambado
Eu só quis foi “ajudá”
Êta bichinho coitado...
*
Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

Mundo interno...


Ta bem...
Há mesmo uma briga interna
Difícil de apaziguar
Êita corpo, que tanto clama!
Êita mente, de tanto pensar!

Febre
Rubor
Suor
Tremor
Preocupação
Imaginação
Dúvidas
Confusão

Corpo e Mente
Doente e são

Futilidade e precisão
Sentimento versus sensação...
Caramba!

Mente e Corpo
Corpo e Mente
Devia ser mais fácil
Já que tudo se passa
Aqui dentro da gente,
Mas êita mundinho interno de cão...
*
Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Conto: Primeiro Beijo


Naquela sexta-feira, 22 de julho mais precisamente, eu estava ansiosa para a aula acabar. Ele iria me levar no ponto de ônibus, como todos os dias, e quem sabe tocaria no assunto das mensagens que havíamos trocado no dia anterior... Eu o escrevi que estava cansada relatando toda a minha rotina diária, ele repetiu-a acrescentando o seu nome no final e perguntando “Posso me incluir na sua rotina?”, “Sinta-se incluído!” foi a resposta.
Poderia ser só mais um trocadilho entre amigos, fazíamos isso há três meses, mas já estávamos perdendo o controle da situação. Primeiro era só uma amizade de cursinho, sentávamos juntos, começamos a conversar, ele passou a me acompanhar ao ponto e esperar comigo até meu ônibus chegar. Nos tornamos amigos. Ele até que dava umas indiretas, mas era difícil saber quando ele falava sério. Daí então, saímos juntos, fomos a pizzarias, festas, cinema, dançamos, divertimos, e até lemos juntos o romance “O Diário” de James Patterson, como bons amigos. Riamos juntos, falávamos bobagens, ficávamos olhando para as estrelas no céu, trocávamos CDs, todo dia tinha abraço, olhar, telefonema, uma mensagem ou um e-mail. Ficamos amigos dos amigos do outro, e assim, fomos entrelaçando nossas vidas.
Finalmente a aula havia acabado, eu sabia que se fosse logo para o ponto pegaria o ônibus daquele horário e chegaria mais cedo em casa, mas eu não queria chegar cedo à lugar nenhum. Caminhávamos a passos lentos, falando besteiras, até ele dizer que queria falar comigo. Senti o sangue sumir de minhas pernas, meu rosto avermelhar, as mãos suavam, o coração disparou, e a respiração ficou mais lenta, “O que ele irá dizer?” pensei. Fomos até o ponto mais próximo, ele tava nervoso, ficava falando as mesmas coisas sem sair do lugar, falava, falava, mas nada dizia, e ainda perguntava “E aí? O que você acha?”, eu sorria pra disfarçar o nervosismo e respondia “É! Também acho, também tô sentindo isso”, na verdade eu senti que era difícil pra ele, mas ali, ou como uma romântica à moda antiga ou uma garota orgulhosa, não tomei nenhuma iniciativa e arrisquei-me na possibilidade de toda aquela expectativa não dar em nada. Meu coração ficava cada vez mais acelerado, eu nem estava mais escutando o que ele dizia, fiquei olhando pra sua boca pra ver se ele entendia que eu estava muito afim de um beijo dele, mas o ponto encheu de alunos, tava um barulho enorme, ele me chamou pra ir pro outro ponto que tava mais tranquilo, mais um ônibus que eu pegaria passou, “é agora ou nunca!” pensei, o próximo ônibus seria o último, apesar da ansiedade não podia lhe dizer o quanto ele mexia comigo, “e se for brincadeira dele, e no final ele não disser nada de interessante?”, eu não podia me arriscar, não podia me revelar antes dele.
Chegando no outro ponto, ele começou a dizer que não sabia bem o que estava acontecendo, eu confirmei que também não sabia, na verdade, os dois queriam muito deixar toda aquela conversa de lado, mas todo aquele tempo de amizade, todas as lembranças ficavam martelando em nossas mentes, colocava em dúvida se aquilo que queríamos que acontecesse pudesse apagar os três últimos meses em que éramos somente amigos. Caminhávamos pelo ponto, sentávamos, levantávamos, fomos para um canto onde o vento não batia muito, a noite tava fria, eu encostei na parede, ele olhou-me profundamente nos olhos e fez uma pergunta relembrando uma frase que me escreveu num e-mail “Posso colocar meus olhos a dois centímetros dos seus?”, eu não respondi, fiquei esperando ele se aproximar, com os olhos a dois centímetros, finalmente nossos lábios se tocaram, fechei os olhos e senti uma vontade enorme de guardar aquele momento para todo o sempre, foi um selinho de uns cinco segundos, onde pela primeira vez, todas aquelas sensações descritas nos livros e mostradas nas comédias-românticas - que sempre caracterizei como bobos e mentirosos - me pareceram reais. Era como se o barulho dos carros passando naquela movimentada avenida tivessem desaparecido, e uma música suave estivesse sendo tocada, o frio na barriga, as pernas bambas, o tempo pareceu parar... Quando ele se afastou ainda permaneci alguns segundos de olhos fechados, sorrindo. Quando abri os olhos o vi parado na minha frente, me olhando extasiado, com um sorriso enorme, com os olhos brilhando, voltou e beijou-me intensamente, beijo quente, molhado, envolvente, arrepiante, apaixonado, emocionante...

Denise Viana * Psico-Poeta

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Perda


Esqueça estes olhos tão meretrizes
Esta face redonda
Este queixo de cobra
Esqueça, que o tempo não volta!
Apague a boca
Os cabelos tão soltos
A pele macia!
Apague, que assim será melhor!
E também o pescoço, braços e mãos
Seios, barriga, umbigo
Costas, cintura, glúteos
Coxas, pernas, pés
Esqueça! Apague!
Que o tempo não demora
Já estava passando da hora
Sinta, ouça, tenha calma
Ela só ta indo embora...
*
Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

domingo, 18 de janeiro de 2009

Pedalando emoções


Hoje pude comprovar
Que andar de bicicleta
A gente realmente não esquece,
Mas tenho que confessar
Que havia me esquecido
Do quão bom é...
Mesmo após muito tempo
O corpo sabe exatamente o que fazer
Em cima daquela “magrela”
Pés e pedais
Mãos e guidão
Movimentos e equilíbrio
Olhos e ouvidos atentos
Tudo entra em sintonia,
Mas esta parte fisiológica
É tão bem acomodada
Que quase não é percebida
E quase que automática
Ela segue o seu percurso...
E a mente despreocupada
Avisada pelo corpo
Que ta tudo sob controle
Exalta livre em gozo
O vento leve e saboroso
Que invade a sua face
“Como é bom!”
“Como é bom!”
Então você se dá conta
Que sempre soube
Só havia se esquecido
De como é bom
De como é simples
De como é puro
De como é inspirador
De como é sereno
De como é poético...
Venha!
Vamos dar uma volta por aí,
Movendo o corpo
E pedalando emoções...
*
Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

sábado, 17 de janeiro de 2009

Instinto


“Estou perdida neste labirinto literário...
*
Escondida atrás destes muros poéticos.”


Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Lágrima


Estou cansada
Queria saber o que falta
Tá tão diferente todo esse lugar
Este lugar que só nós conhecemos
Quando chegamos aqui
Tava tão calmo
Tava tão bom
O que aconteceu?
O que está acontecendo?
Já fiz minhas mudanças
Já tentei me consertar
E mudo mais se for preciso,
E se for possível...
Mas ainda não sei
O que houve por aqui
Vamos refazer este lugar
Ele é nosso
Somos os responsáveis por ele
Então não se cale
Divida comigo esta lágrima
Hoje me sinto muito só...
*
Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

domingo, 11 de janeiro de 2009

Incômodo


O barulho do trânsito já não me incomoda
Tranquei-me dentro de mim
E poucos passam pela minha porta.
As imagens estranhas já não me incomodam
Fechei os olhos e deixei-me conduzir
Tudo agora tem a mesma forma.
O cansaço do corpo já não me incomoda
Programei-me em às vezes não sentir
E se não sinto, o sentimento não retorna.
Ah! O poema!
O poema me surdou, cegou, paralisou...
Agora, tudo me incomoda.

Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Prelúdio a um banho


É verão!
Ta chovendo,
Mas tá calor...
Eu to de roupão
Escrevendo
Pra esquecer a dor...
De pernas cruzadas
Mãos na cabeça
Tentando pensar...
Nas coisas passadas
Que ainda que esqueça
Ficam à assombrar..
Eu queria gritar
Sair pra beber
Alguém pra dividir...
Eu queria falar
Queria entender
Depois fugir daqui...
Eu queria dançar
Mas essa música não dá
Pode ser o meu defeito...
Entre tantos que há
Não posso compartilhar
Do que me deixa sem jeito...
Agora só um banho quente
Pode me acompanhar
E adormecer este coração...
Que de tanto querer, que sente
Nem sabe o que falar
Diante a sua razão...

Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos autorais Preservados*

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

BEM AMADO


Quando você sorrir
Tudo se transforma aqui
Dentro deste coração amado
Tão bem amado
E apaixonado por ti...
Não me olhes desse jeito
Que viro manteiga
E me derreto
Por este olhar de homem
Com um brilho de menino
Que me transborda de fascínio
Encantos e seduções
Pensamentos e emoções,
E seriam todos seus
Se eu tivesse mil corações...
Você me mostrou o mar
Conquistou o meu amar
O bom e o bem de amar,
Invadiu minha poesia
Ora, quem diria?
Que esta poetisa desengonçada
Malandra, danada, malvada
Pudesses estar ‘Um dia’
A amar apaixonada...
Estou a sorrir sozinha
Ouvindo o som da tua risada
Ela penetra meus ouvidos
E até perco os sentidos
Quando recordo as tuas palavras,
Tão gritantes e tão caladas
Declamadas e cantadas
Ditas propositalmente erradas
Pra um sorriso me arrancar,
Aí me impulsiona
Me cutuca e me chama
E depois me avisa
“Vai devagar!”...
Por que me conheces
E sabes que tem que me alertar
Porque as vezes não sei me limitar
Porque eu sou maluca
E me jogo no mar
Sem saber nadar,
“Mas é só porque sei
Que você estará lá”
Porque fico caduca
E esqueço do mundo
Quando tinha que lembrar...
Como lembrar de algo?
Diante teu corpo suado
Seu queixo adocicado
O seu abraço apertado
As suas mãos à me tocar,
E que não sejas o leitor pervertido
De distorcer minhas palavras
E pra luxúria às levar...
Somente não poderia escrever
Deste homem bem amado
Em um tom tão reservado
Escondendo suas belezas
Como se elas fossem pecado,
(Maldades pior por aí há)
Pois quem ainda não sabe
Um dia saberá
Não é como conto de fadas
Mas é certo que existe
O príncipe encantado,
Cheio de defeitos
Necessidades e malfeitos,
Que você perdoa
Esquece e o deseja,
Por que ele invalida tuas falhas
Sorrir de ti e te almeja,
E te faz acreditar,
A cada hora, a cada dia
Que tu és uma princesa...
Então vamos ao castelo
Eu vou com ele
Você com ela
E você com o seu,
Faça o seu amor sorrir
Não esconda suas loucuras
Todos nós temos
Um reino encantado dentro de si.
Viva-o!
*
Denise Viana * Psico-Poeta

sábado, 3 de janeiro de 2009

Amar...


Sabe uma vontade louca
De beijar a boca
E se deixar consumir.
Sabe uma saudade imensa
Uma sede intensa
Que passa a te sucumbir...
*
Sabe uma sensação de dor
Da lembrança do Amor
Sempre que se vê só.
Sabe uma canção legal
De uma letra fatal
Que lhe maltrata sem dó...
*
Sabe um perfume atraente
Que recorda a pessoa ausente
Mesmo o olfato enganado.
Sabe um ciúme contido
Um grito estremecido
Levemente sussurrado...
*
Sabe um desejo apaixonado
Um carinho, um cuidado
Uma busca em eternizar.
Sabe um anseio profundo
Algo maior que o mundo
Que te faz, mais e mais, amar...
*
Sabe?
*
Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*

Sensações


Eu fui procurar,
Nas ondas do mar
Algo que faz e que se repita
Algo que alguém me mostre
Algo que alguém me diga...

Eu tentei dizer,
O que não posso compreender
Algo que sei que é assim
Que quis ouvir de alguém
Algo que quis ouvir de mim...

Ainda estou procurando o que dizer
Sou poetiza sonhadora
Que não sabe o que fazer
Das ondas do mar
Nada posso entender,
Só queria ouvir de alguém
Algo que eu não sei dizer.

Denise Viana * Psico-Poeta
*Direitos Autorais Preservados*