quinta-feira, 28 de julho de 2011

Carta sem palavras

Hoje eu recebi uma carta
Era uma carta sem palavras
                                         [sem palavras]
Mas que trazia consigo resquícios de poesia.
Não tinha palavras
                         [palavras]
Além de remetente e destinatário no exterior de seu envelope.


Tinha selos coloridos, ah! A quanto tempo não via selos! Selos coloridos...
Os olhos brilharam ao vê-los, sempre gostei de selos...


Uma carta sem palavras
Com os traços da beleza de algum nariz de palhaço
daqueles que ainda sabem do valor de fazer graça

Mas sim, era sim uma carta.
                                         [carta]


Estava lá entre as contas mensais a serem pagas e as propagandas de ofertas de outras coisas que desejam se fazer dívidas futuras...

Estava lá, 
brilhando na minha caixa de correios.
E trouxe-me aquele sorriso agradável
                                                 [aquele] 
Que só sabe o que se sente
quem já recebeu uma carta.

Era uma carta, 
                            uma carta
                                                   uma.
Com o meu endereço como destino
E o meu nome sobre ele.


Dentro, nenhuma palavra
                                      [nenhuma]
Só um pequeno embrulho que me disse:
                                  [de dentro para fora]
"Acorda estrela"...






Denise Viana 

5 comentários:

  1. Simplesmente lindo como uma carta sem palavras
    [sem palavras]

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  2. se vc não vê selos há tempos, eu mesmo não vejo cartas. e olhe q sou da época em q recebia muitas. e colecionava envelopes e papeis. não tem muito tempo. foi ali, nos anos 80. na minha rua, no Tororó, todo mundo tinha suas pastas carregadas de papeis de carta, até perfumados, seguidos dos envelopes de vários tamanhos. não era uma carta. eram várias. mesmo os papeis vazios, pareciam exprimir uma época inteira ali. hoje um amigo me emprestou "A Casa de Virginia W.". lembrei de um texto q escrevi recentemente sobre ela, no meu blog, a "Pílula do Tempo Perdido". então...de um outro modo, as cartas sobrevivem assim. transportadas para novas formas. e poesias. bjo no coração. ah...boa sugestão: a Pílula do 23 de Julho, sobre meu aniversário, sobre a morte de Amy no mesmo dia, sobre viver...http://tinyurl.com/tomesuapilula18

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  3. Denise,

    Exótico,
    sensível,
    meigo,
    saudoso e...
    Belo seu texto.

    Abraços: Liduina.

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  4. Deny, deixa eu dizer:
    deu para sentir uma criança
    pulando de alegria com uma carta
    na mão, numa felicidade besta
    "Era uma carta, uma carta, uma"
    belo.

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  5. Obrigada Tico!

    Marco, Anjo querido, os dez anos de diferença parecem não existir quando leio o que vc escreve... Também colecionei papéis de carta, recebia, escrevia... como eu mesma, como anônima, ou como alguma amiga que queria "fazer a média" com o namoradinho... rs Gostei muito da Pílula do 23 de Julho, e a li segundos após saber da morte de Estamira... artista abstrata dessa vida as vezes ingrata. É sempre bom te ler.. Aqui no meu e no seu blog também.

    Obrigada Liduina! Um grande braço querida!

    Dery, meu primo de coração!
    Belo é o que vc comentou! Belo é o que você sente ao ler estas palavras! Belos são os olhos que leem e se permitem ser tocados na criança que existe dentro de si. Adorei vc aqui!

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