segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Corpo delito

Um corpo às vezes é delírio
     Delícia
           Desejo
                 Delito


Corpo sem moral, inquieto, sabido de si

Suave e cálido,
Palhaço e bandido dos outros


Num impulso ele pulsa, batidas irregulares no peito
 Que se reverberam pelo incontrolável chiar da boca
Faminta tão terna da própria antropofagia


Antes de sentir, o corpo pré-sente
Vive os sonhos e imaginações com real sinestesia
Transgride a gramática verbal, como Manoel de Barros já denunciava
Que as crianças assim faziam


                                                    Eis que o corpo cheira canções
                                        Enxerga silêncios
                               Escuta cores
                  Saboreia poesias


Já tem uma barraca na feira onde pode se ouvir
“Um corpo aparência por múltiplos corpos vivências!!”
Troca-se!


Um corpo gozador de si
                              De estupor e brandura
                                                          Pode ser delito de outros


No cenário do crime
Sinais de uma vida pacata de um cidadão de sucesso
Que tinha tudo o que o dinheiro poderia alcançar.



Denise Viana * Psico-Poeta

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