domingo, 2 de julho de 2017

Aspirações aquáticas

o tempo não reduziu a minha quantidade de indecisões
mas ajudou-me a entender as dúvidas, as escolhas e suas consequências
com graciosidade, Cecília Meireles me ensinou
que não é incomum a ambiguidade
que a vida é feita de séries contínuas de ou isto ou aquilo
e não é necessário classificar qual é melhor do que o outro
reflexivo, Kierkegaard associou a humanidade à contradição
tomando-a como parte da existência, como essência e sentido do viver
com bom humor, Rubem Alves mostrou a beleza do antagonismo
e a possibilidade da selva amar o mar e o mar amar a selva
por isso, eu que sou fogo, já não temo amar a água
ao contrário, a desejo em diversas das suas tantas formas
a contemplo na dança rítmica e força da chuva
e principalmente nos seus maiores aglomerados
na imensidão e profundezas do mar, na sabedoria e delicadezas do rio
nos mistérios do horizonte marítimo, nos limites das margens fluviais
e deliro a cada encontro com o mar, a cada contato com o rio
o tempo passou, e ainda há muitas coisas que não sei
mas sei que gosto da água, e dessa vontade crescente de me molhar.

Denise Viana

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