terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um clichê chamado solidão

trata-se de uma solidão que está sempre em companhia
um estar-só, embora nunca esteja sozinho...


um sentimento que não vem com o barulho da chuva
nem com o silêncio das manhãs de domingo
ou com uma aparente tarde vazia

mas de algum lugar relutante dentro de si
atravessado por desilusões, medos e fantasias que nunca contou sequer para si próprio
sem querer aceitar a autoria dos pensamentos indecorosos

rejeitou-se e simulou por muito tempo uma saúde que não era sua
mas que roubara dos livros, de autores e personagens que, coincidência ou não,
conheciam intimamente a história de sua vida

ontem, quando se sentiu só,
lembrou-se de quantos poemas ponderando (sobre) a solidão desprezara
colocando-os na infame caixinha de clichês

viu então
escritas em seu corpo, delicadas marcas de um lugar-comum

e a solidão era apenas mais uma.

Denise Viana * Psico-Poeta

2 comentários:

  1. Simplesmente perfeito, Nyse!
    E mais lindo ainda justamente por esse blog ser um lugar-incomum falando de lugares-comuns pra tantos comuns-sem-lugar assim como eu que adoro vir aqui em minha solidão me sentir tão bem acompanhado!

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  2. Obrigada Tico!!!
    São as pessoas que vem aqui nesse blog que o tornam especial!! Seja sempre bem vindo meu amigo!

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